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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Salmo 133





             Para que o aprendiz - Maçom compreenda perfeitamente o cami­nho que deve trilhar na Maçonaria e para que ele possa crescer, é neces­sário explorar esse caminhos com passos firmes e precisos, é extre­mamente necessário que assimile os ensinamentos constantes no “Pre­âmbulo da Maçonaria”, de nosso guia de Ritual e Instruções de Apren­diz - Maçom, que em suas primeiras linhas diz o seguinte: “A Ordem Maçônica  hoje, é uma associação de ho­mens e mulheres esclarecidos e virtuosos, que se consideram irmãos entre si, e cujo fim específico é viver em Per­feita igualdade e harmonia, intimamente liga­dos por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se uns aos outros na prática da vir­tude, esclarecendo e preparando humanidade para sua emancipação progressiva e pacífica”. “E um sis­tema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos, cujo obje­tivo é incutir nos homens a luz espiritual e divina, invocando sem­pre o Grande Arquiteto do Univer­so, para torná-los dignos de si mes­moS, da Família, da Pátria e da Humanidade”.
Como toda organização de ho­mens e mulheres, que têm como objetivo um fim especifico, a Maçonaria tem alguns princípios fundamentais, que devem ser observados. Um destes princí­pios diz respeito às Três Grandes Luzes Emblemáticas, que são o Es­quadro, o Compasso e o Livro da Lei Sagrada, sempre presentes em nossos trabalhos, sobre o Altar dos Juramentos. São estas três grande luzes que devem orientar o Ma­çom, tanto nos trabalhos em Loja, como em sua vida diária no mundo profano.
Símbolos de profunda signifi­cação, sua utilização é calcada em sólidos fundamentos históricos e místicos. O Esquadro e o Compas­so, símbolos da medida justa que deve reger nossas ações, nos ensi­nam a não nos afastarmos da Justiça e da Retidão. Simbolizam a arquite­tura, a extensão, a maçonaria, pois são os instrumentos básicos de tra­çar o projeto do Arquiteto. É o emblema da Obra Acabada do Gran­de Arquiteto do Universo, pois une o “Justo” e o “Perfeito”.
A origem de utilização do Es­quadro e do Compasso como símbolos maçônicos remonta há vários séculos antes do nascimento de Cris­to, quando Platão, sábio grego, ex­pressou a seguinte conclusão: “Deus é o Geômetra que opera sempre, no Universo”. Com este postulado, cri­am-se os instrumentos utilizados pela Maçonaria para simbolizar o trabalho a ser executado na realiza­ção do plano elaborado pelo G A D U que é a criação e o desenvolvimento do Universo, e dos povos que nele habitam. Plano este que somente será concluído com “Sabedoria, Força e Beleza”, ca­racterísticas que devem sempre acompanhar um Construtor Social.
De igual importância, o Livro da Lei Sagrada representa o Código de Moral que cada um de nós deve respeitar e seguir. É o Guia Espiri­tual que nos aperfeiçoa; é a fé que nos anima. E a revelação da Lei Divina Imutável e é o símbolo da sabedoria cósmica. O Livro a ser aberto em Loja é o Livro Sagrado de qualquer religião, e no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, praticado no Brasil por todas as Lojas Mistas Masculinas ou Femininas, o livro utilizado é a Bí­blia Sagrada Cristã. Há em seu con­teúdo certas passagens de extraor­dinária força moral, que agem como um verdadeiro apelo à razão huma­na. Dentre essas inúmeras mensa­gens, a mais invocada e mais impor­tante de todas é o SALMO 133, de Davi, que abre nossos espíritos, ao iniciarmos nossos trabalhos, em Loja. E é sobre o Salmo 133 que conduziremos daqui por diante este nosso trabalho.

O SALMO 133, DE DAVI

“1. Oh! Quão bom o suave é que os Irmãos vivam em união!
2.   É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce para a barba, a barba de Aarão, e desce para a gola de suas vestes.
3.   E como o orvalho de Hermon, que desce sobre os mon­tes de Sião. Porque ali ordena o Senhor sua bênção, e vida para sempre!”

Esses versos simbolizam a excelência da união fraternal. A pesar de não encontrarmos na Bíblia nenhuma para referência ex­pressa a respeito de Maçonaria, é justamente em seus livros que va­mos achar o nosso modelo físico e o nosso motivo moral. David, antecessor e Salomão no reino Judeu, ao escrever o Salmo 133, sintetizou em seu conteúdo o requi­sito básico para o desenvolvimen­to da Maçonaria.
Ao expressar e invocar a União entre os Irmãos como sendo gesto bom e agradável, o Salmo mostra que o verdadeiro Maçom pratica o bem, e leva sua solidariedade aos necessitados, na medida de suas for­ças, repelindo com naturalidade o egoísmo e dedicando-se a felicidade de seus semelhantes, não por obriga­ção, mas porquê esses sentimentos formam a qualidade que o faz filho de Deus e Irmão de todos os homens.
Num sentido mais filosófico e psicológico, nosso próprio corpo físico individual é composto por vários outros corpos, da natureza sutil, através dos quais nossa partí­cula divina, nosso Deus interno se manifesta em suas múltiplas pers­nalidades, para poder difundir sua força e vontade em nossa pessoa. Assim, é necessário que esses vári­os corpos convivam em harmonia como irmãos vindos de uma mesma força, de um mesmo Pai, para que o nosso Deus interno se manifeste com perfeição.
O livro da Lei Sagrada representa o código moral.
A Força e a vontade que Deus manifesta nos homens para cumprir o Seu ideal, é com certeza o “Óleo precioso” que há em nossa cabeça. Nos trabalhos em Loja, quando to­dos os Irmãos estão unidos em um só pensamento, harmonizados e con­centrados no Ritual, esse “Óleo precioso “vem até nossas cabe­ças, e vamos recebendo gradativamente a Energia Divina em nos­so Deus interno.
barba de Aarão e para a gola das suas vestes, vai tomando-se clara a interpretação do Salmo. A barba é a figura simbólica do Verbo, da pala­vra de Deus. E branca como a neve e projeta uma sombra mais escura que a noite, E o elo que une um ouvido ao outro e estes à boca, de onde saem as palavras que dão vida a luz e ás almas. As vestes repre­sentam o nosso corpo físico, a nossa parte externa, que é substituída pelo Senhor, quando necessário, tal qual fazemos com nossas roupas.
Nesse trecho do Salmo, há a ligação do Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso. Para que mereçamos receber em nosso corpo o Energia Divina, precisamos agir conforme os ensinamentos transmi­tido pelo significado do Esquadro e do Compasso, ou seja, com retidão e justiça. Portanto, o “óleo precio­so” (a Energia Divina), antes de encharcar nossas vestes (antes de recebermos essa Energia), derra­ma-se sobre as golas das mesmas (a gola, sendo a parte superior das vestes, representa nossa cabeça, que é o receptor das emanações vindas de manifestação de Deus, e que dis­tribui essas emanações ao resto de nosso corpo em forma de energia).
 Apenas como referência histórica, Aarão era irmão de Moi­sés, e foi o primeiro Sumo-Sacer­dote de Israel. Para ser reconhecido como tal, levou-se em consideração sua união com a maioria dos Judeus, seus irmãos, e o sábio conhecimen­to de que era detentor, para poder orientar e conduzir o povo de Israel. Há nesse contexto, a ligação simbó­lica entre Mão e o Grão-Mestre de nossa Ordem,
O significado do 3° Verso do Salmo 133 é o mesmo do verso anterior, porém de amplitude mais generalizada. Enquanto o 2º Verso aplica-se somente aos homens indi­vidualmente, o 3º  Verso atinge a todo o Universo.
Sião era uma região da Antiga Palestina, cujo ponto mais elevado era a montanha Hermon, com 2770 metros de altura. Por ser considera­da uma região sagrada, havia em suas encostas vários Templos reli­giosos. Dali partiam os ensinamen­tos de Deus para todas as regiões do mundo conhecido.
O orvalho é uma substância tê­nue, que vai lentamente condensando-se até formar a água (que é considerada o líquido da vida, a origem de todos os seres do Universo). Neste Verso, o orvalho é interpretado como o palavra de Deus, a Energia Divina.
Ao se formar nos altos de Hermon (considerado como o próprio Céu, pois não enxergava-se o seu pico), e descer sobre a região de Sião, atingindo a todos os Templos e transformando-se em água, perce­be-se claramente o que Davi tenta nos mostrar. A Palavra de Deus, os ensinamentos do Grande Arquiteto do Universo, que nós Maçons, de­vemos seguir para realizar com per­feição a nossa Obra, chega até nos­sas cabeças como o orvalho chega aos montes de Sião.
Cabe a nós, com retidão e justi­ça, transformá-lo em ações (a água da vida), para difundi-lo entre to­dos os homens do mundo, nossos Irmãos.
Cada Templo fincado nas en­costas do montes de Sião representa nosso Templo individual, nosso cor­po. Hermon é o Céu, pois ali o senhor ordena a Bênção e a Vida para sempre.





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