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terça-feira, 17 de julho de 2012

A Mulher na Maçonaria

O Estatuto da Loja de York, de 1693, afirmava a respeito do juramento durante a Iniciação que:
"Aquele ou aquela que fosse Iniciado deveria prestar seus juramentos colocando a mão sobre a Bíblia .
O Dr. Albert Gallatin Mackey ( 1807-1881 ) só iria nascer 114 anos depois mas não teve dúvida em inventar a maioria dos Landmarks de sua lista, entre eles o 18 que diz que mulher não pode entrar na Maçonaria.
Nem no Estado da Carolina do Sul, o seu Estado de nascimento, a classificação de Mackey é adotada.
Aliás, nos States existem várias Grandes Lojas que não adotam nenhuma das classificações de Landmarks. A classificação mais adotada nos States é de Albert Pike, que só tem 5 Landmarks:

1 - A necessidade dos Maçons se reunirem em Lojas
2 - O governo de cada Loja por um Venerável e dois Vigilantes
3 - Todos devem crer no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura
4 - O sigilo do trabalho das Lojas
5 - Que os segredos da Maçonaria não devem ser divulgados. 

E só. Estes sim, são landmarks que atendem às três condições enumeradas pelo Irmão Castellani para serem considerados verdadeiros Landmarks. Relembrando, estes três pontos são os seguintes:
a - a Antiguidade ( imemorialidade )
b - o Reconhecimento ou consenso universal ( universalidade )
c - a Inalterabilidade ( imutabilidade )

Interessante notar que já em 25/11/1723 a Assembléia Geral da Grande Loja da Inglaterra, substituiu a palavra Landmark pela de "rule" (regra) e a edição do Livro das Constituições , que incorporou o texto dos Regulamentos Gerais, de Payne, de 1738, 1756, 1767 e 1784, mantiveram o vocábulo "rule" muito menos carismático e pretensioso do que "landmark". A UGLE adotou em 04/09/1929 os assim chamados oito Princípios Básicos para o Reconhecimento de uma Grande Loja/Grande Oriente (Obediência Maçônica). Deste, o número quatro estabelece que o Quadro de Obreiros deve ser composto exclusivamente por homens .
A rigor, os Landmarks precisam e devem ser mutáveis naquilo que a evolução tornou irremediavelmente anacronico. Se examinarmos os Landmarks de Mackey pelo aspecto da sua antiguidade, verifica-se que alguns nasceram na ocasião da sua catalogação, como por exemplo os meios de reconhecimento, a divisão da Maçonaria em três graus, a lenda do 3º grau, o governo da fraternidade por um Grão-Mestre. Logo, não são Landmarks, embora possam merecer o nosso acatamento.
Por definição, a palavra landmark é insustentável como princípio básico e fundamental da Instituição, já que a Maçonaria Especulativa foi, oficialmente, constituída a partir de 1717, com elementos novos, não existentes na Maçonaria Operativa e, portanto, não landmarks, por não serem nem antigos, nem universais, nem imutáveis.
Por isso mesmo, conclui-se que as potências maçônicas que ainda acatam e preservam, adotam e cultuam algum landmark estão, no tempo, atrasadas em 279 anos.(Ressaltando ainda que nos tempos atuais em todos os países segundo seus códigos civil e constituições ditam, no Brasil, segundo Artigo 5º: da nossa Carta Magna (Constituição Brasileira)I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.)
Quanto ao caráter exclusivamente masculino, nosso principal assunto, entendemos que os direitos da mulher do século XX não podem ser confrontados com os da mulher da Idade Média. Neste ponto, a Loja de York, em 1693, já não tinha o ranço que os séculos ainda não levaram da Maçonaria atual.
Paul Naudon, consagrado escritor maçônico, refere em sua obra "La franc-maçonnerie" que, na realidade, na Grã-Bretanha e no continente europeu, as guildas e os "ofícios" permitiram que as mulheres assumissem o mestrado, citando a título de exemplo, o Livro dos Ofícios, de Etienne Boileau ( 1268 ), os Estatutos da Guilda de Norwich ( 1373 ), além do Estatuto da Loja de York ( 1693 ), já mencionado. 

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